sexta-feira, 20 de junho de 2008

Sobre relacionamentos, amores e borboletas


O amor é um dom gratuito. É como escreveu Paulo ao povo de Corinto. Mas, as vezes confundimos o amor com uma coisa meio próxima: a paixão. É algo como confundir a lagarta com a borboleta.

A lagarta é um estágio anterior à borboleta. Nenhuma borboleta nasce bonita, colorida, levando pólem de uma flor na outra. Antes disso, ela é casulo e antes é lagarta. A lagarta por sua natureza devora as flores, folhas que estão à sua volta. Precisa alimentar-se.

Quando, depois de muito devorar, está preparada, a lagarta passa a fazer um casulo - de seda - ao seu redor, para proteger-se durante a sua metamorfose. E então, a lagarta devoradora torna-se uma colorida e voadora borboleta.

Talvez isso diga bastante do que nós somos. A paixão (que ainda não é amor) deseja tudo e não pode prescindir do ser amado. Devora-o com coração, mente e corpo. Deseja. Queira. Exige. É uma fase. E algum momento surgirá o tempo de tudo isso se faça ceda. E então, venha a metamorfose para o amor. Ou, pode decidir não fazer o casulo e devorar o que puder, até que logo termine.

A borboleta também morre, mas o que ela fez permanece, nas novas flores que nasceram.

Um comentário:

  1. Coincidentemente, eu estava para republicar um texto de meu antigo blog sobre o assunto, mas preferi apagá-lo porque foi escrito num contexto que já não existe.

    Deveras, é importante diferenciar amor de paixão (ou apego). Quando se ama, queremos somente o bem da pessoa amada. Já a paixão sem amor não permite esse sentimento de caridade e se transforma em rancor se, por exemplo, o relacionamento não dá certo.

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